Keblinger

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Manhã fria de 1942...

| sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Em um campo de concentração, um rapaz olha através da cerca de arame farpado e vê uma jovem linda como a luz do sol. A garota também o vê e seu coração pula como um cabrito perseguido por um enxame de abelhas. Ela quer expressar seus sentimentos e atira uma maçã vermelha pela cerca. A maçã lhe traz vida, esperança e amor. O rapaz recolhe e um raio de luz ilumina seu mundo obscuro.  Jovem não dorme aquela noite. O rosto angelical e o sorriso tímido da jovem vêm a sua lembrança.
No dia seguinte, tem uma vontade louca de tornar a vê-la. Aproxima-se outra vez da cercam e para sua surpresa, vê a jovem de novo. Ela aguarda a chegada misteriosa do jovem que tocou seu coração. Ali está ela, com outra maçã vermelha na mão.
Faz muito frio. O vento gelado sopra, produzindo um lamento triste. Apesar disso, dois corações se aquecem pelo amor enquanto as maças atravessam a cerca.
O incidente se repete vários dias. Dois jovens, de lados opostos da cerca, buscam um ao outro. Só por um momento. Apenas para trocar olhares ternos. O encontro é chama que arde. O sentimento inexplicável de ambos é o combustível.
Certo dia, ao fim desses momentos doces, o jovem lhe diz com expressão triste:
- Amanhã não me traga maçã. Não estarei mais aqui; vou ser enviado para outro campo de concentração.
Aquela tarde o rapaz vai triste, com o coração partido. Talvez nunca mais volte a vê-la.
Desde aquele dia, a imagem linda da doce jovem aparece em sua mente em momentos de tristeza. Seus olhos, as poucas palavras, a maçã vermelha. Para ele, tudo é alegria na tristeza. Sua família morre na guerra. Sua vida é quase destruída, mas nos momentos mais difíceis a imagem da jovem de sorriso tímido lhe traz alegria, alento e esperança.
Os anos passam. Um dia, nos Estados Unidos, dois adultos se conhecem por acaso em um restaurante. Conversam da vida. Falam de seus encontros e desencontros.
- Bem, onde você esteve durante a guerra? – pergunta a mulher.
- Estive em um campo de concentração na Alemanha – responde o homem.
- Eu me lembro de que jogava maçãs através da cerca a um jovem que também estava no campo de concentração – recorda a mulher
Com o coração aos saltos, quase lhe saindo pela boca, o homem balbucia:
- E este jovem lhe disse um dia: “Amanhã não me traga a maçã, porque vão me levar para outro campo de concentração”?
- Sim – ela responde, pressentindo algo maravilhoso. – Mas como você pode saber isso?
Ele a olha nos olhos, como se olha para uma estrela, e diz:
- Eu era esse jovem.
Silêncio. Tantas lembranças, tanta saudade, tanta esperança de voltar a vê-la! As palavras quase não lhe saem, mas continua:
- Separaram-me de você um dia, mas nunca perdi a esperança de voltar a vê-la. Quer se casar comigo?
Abraçaram-se bem forte, enquanto ela sussurra em seus ouvidos:
- Sim, claro que sim, mil vezes sim.
Sinais de esperança, capítulo 11, página 103.

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